02 abril, 2006

O Blog como Divã


Será que existe crise dos 30 para os homens ou é exclusivo das mulheres?

Hoje acordei com um bocado de coisa na cabeça, os pensamentos fazendo os neurônios ferverem. Deve ser bem resultado de não ter saído ontem a noite.

Como já dizia um grande filósofo serra-leoense (que também colabora com o governo escrevendo frases nas carteiras de cigarro):

"Não sair sábados a noite pode causar grandes crises existenciais."

Mas o negócio é o seguinte: Porque é tão dificil decidir o nosso futuro, o que queremos ser ou fazer?

Será que é porque nos incutem na cabeça que todas as escolhas que fizermos tem que ser definitivas? Faculdade, profissão, emprego, casamento?

As vezes sua vida já está toda encaminhada: filhos, casamento, emprego estável e tudo o que se precisa fazer é não sair dos trilhos nem inventar moda e aproveitar toda essa estabilidade, se você gostar dela, claro.
O grande desafio desse tipo de vida é ter sempre imaginação para criar novos desafios, novas metas, fazer da vida uma aventura, mesmo dentro de toda a estabilidade.

Mas e quando a sua vida parece um grande gramado descampado sem nenhuma estrada por perto pra você seguir? O que fazer? Abrir caminho por onde?

O bom (ou ruim) é que existem tantas possibilidades... No meu caso, por exemplo:

- Mudar de cidade e ir trabalhar na empresa de um amigo;
- Fazer uma pós graduação, um mestrado e ir dar aula;
- Ir para os EUA fazer trabalho braçal, ficar musculoso e ficar perto do meu melhor amigo;
- Ir para África ser voluntário, e se voltar um dia, trabalhar em uma ONG por aqui;
- Montar outro negócio;
- Deixar currículos em dezenas de empresas nas quais eu adoraria trabalhar.

E por aí vai. São tantas opções e todas me atraem e instigam. O problema todo é ter que escolher um rumo sob pena de correr o risco de ficar pulando de galho em galho, fazendo uma coisa ou outra e nunca conseguir construir nada, e o pior de tudo: sentir falta de não ter uma estabilidade, de não ter criado raizes.

Tenho 29 anos e queria mesmo fazer todas essas coisas que listei aí em cima, mas se eu dedicar pelo menos uns 2 anos a cada uma dessas atividades, vou usar uns 15 anos da minha vida e aí quando terminar vou ter uns 45 anos mais ou menos. Não é nessa época que as pessoas já tem que ter filhos bem crescidos, um casamento legal e uma vida estável?

Talvez eu também queira isso!

Sem falar da família, dos amigos. Se por um lado você fica longe de uns, por outro você conhece muitos outros, e fica nesse movimento continuo de conhecer e se afastar, até que um dia sua vida fica parecendo um eterno reencontro com as pessoas que você deixou espalhadas pelo meio do mundo.

É melhor ter emoções dentro da sua vida estável ou é melhor ter períodos de estabilidade dentro da sua vida emocionante?

Será que o segredo é ir vivendo suas paixões sem planejar tanto?

E um segredo maior ainda: será que eu consigo? Será que quero?

Não sei se isso tudo é mal da minha idade, ou se na verdade tou vivendo isso atrasado, porque isso na verdade é crise dos 20, só sei que devia ter saído nessa porra desse sábado!!!

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