11 abril, 2009

Falta de simancol

Hoje finalmente terminei o referencial teórico da minha dissertação (com a inestimável ajuda da minha florzinha). Foram quase 50 páginas escritas, depois de ler uns 100 textos em inglês.

Então, finalmente, depois de quase 6 meses sem postar nada, eis-me aqui de novo.

Por várias vezes durante esses meses eu tive vontade de escrever aqui e o motivo era recorrente: a falta de civilidade das pessoas em geral, especialmente as daqui, de Fortaleza.

Já tive vontade de vir escrever aqui irado com pessoas que não sabem ocupar apenas uma vaga quando estacionam, ou que não sabem respeitar uma fila num retorno ou em um sinal fechado e engarrafado e passam na frente de todo mundo pela contramão ou no acostamento, colocando em risco a vida de outros e fazendo raiva a quem faz as coisas da forma correta, a quem sai de casa com antecedência, a quem, mesmo atrasado, não acha que o seu atraso é mais importante do que o dos outros que estão pacientemente ali, esperando.

Já quis dar uns tabefes em um pai que, dirigindo o carro, vê o filho, no banco do passageiro, jogar uma caixa enorme de esfihas pela janela do carro, no meio da rua. O que será da gente quando essa geração, criada por pais totalmente relapsos que não sabem dar educação e limites, estiver no comando como prefeitos, governadores, juizes, advogados, deputados, ou o que quer que seja?

Estamos vivendo numa sociedade que só o que importa é o que é meu, o que me ajuda ou prejudica, o que me faz mais feliz ou realizado, o que alivia a minha dor.

E os outros? Ah, os outros são só instrumentos usados para nos proporcionar melhores momentos. Então, os usamos e tiramos proveito, se são barreiras para o nosso bem estar, então nos livramos, passamos por cima ou ignoramos as suas vontades e necessidades.

Prá terminar a minha indignação, conto o que aconteceu ontem no cinema do Del Paseo, quando estava assistindo à sessão gratuita do filme "A paixão de Cristo".

Desde o começo do filme, ninguém conseguia se concentrar pois um casal muito consciente tinha levado seus dois filhos, um com menos de 1 ano de idade, ao cinema junto com eles. As pobres das crianças não paravam de gritar e chorar, obviamente por causa do escuro, frio, cenas chocantes de sangue jorrando... Até uma hora que eu não me contive e taquei o grito no cinema: "Leva esses meninos pra casa rapá. Isso é uma maldade". Não é porque fui eu que gritei não, mas acho que meu grito representou o que muitos ali queriam dizer mas se policiaram para não parecer chatos ou desumanos com as crianças.

Mas meu problema não é com as crianças, não tenho nada contra elas, muito pelo contrário, adoro rolar no chão com meus sobrinhos e me sujar todo brincando com eles.

O que me irrita profundamente é a atitude de pessoas que acham que para o seu próprio conforto ou comodidade, podem incomodar um enorme grupo de pessoas as quais eles nem sequer conhecem.

Queria muito ir ver o filme? Deixasse as crianças com algum parente, pagasse uma baby siter, alugasse e assistisse em casa!

Não tinha com quem deixar? NÃO FOSSE AO CINEMA, MEU AMIGO!!!

Quem quis ser pai e mãe foram vocês e não eu, pois aceitem as responsabilidades e assumam as consequências!

Hoje em dia todo mundo acha muito bonito ser pai e mãe, é até um crime dizer que não se quer ter filhos, mas entre ter, cuidar e principalmente educar, existe uma distância enorme e uma quantidade de sacrifício que a maioria das pessoas não está disposta a passar.

Vivemos na sociedade do "tudo da forma mais fácil e menos dolorosa possível".

Se eu puder jogar a minha cota de sacrifício e dor em cima dos outros, melhor né?

Nunca faço um sacrifício para educar um filho e a sociedade é que se lasque em conviver com esse monstrinho que eu criei, porque eu simplesmente não tive tempo, ou saco, ou os dois para notar tudo de errado que ele faz e faço de conta que está tudo bem no país das maravilhas.

E os outros que se lasquem!

inté,

beto.